SANGUE NA PRAÇA SÃO SALVADOR


ATA DA REUNIÃO DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES – Gestão 2016/2018
Aos vinte e nove dias do mês de agosto, do ano de dois mil e dezesseis, no MHCG, às dezoito horas, teve início mais uma reunião do IHGCG, com a presença dos seguintes membros: Sylvia Paes, Carmen Eugênia S. Gomes, Graziela Escocard, Welligton Paes, Alberto Fioravante, Carlos Freitas, Nylson Macedo, Humberto Rangel, Herbson Freitas, e muitos convidados, familiares das vítimas do tema da palestra –Sangue na Praça São Salvador – o comício integralista de 1937”, cujo resumo se segue: No dia 15 de agosto de 1937, um comício integralista tornou a Praça São Salvador um campo de batalha. No entanto, a luta fora desigual. Entre os caídos, pessoas comuns, muitas que apenas transitavam pelo local. O orador, o então jovem militante integralista Celso Peçanha, fazia seu discurso da sacada da sede da Ação Integralista Brasileira na cidade de Campos, centro político e econômico importante do Estado do Rio de Janeiro. Campos era uma referência estratégica para a AIB, um movimento de características fascistas, com forte apelo católico que agregou por volta de 800 mil militantes por todo o Brasil, tornando-se o maior movimento de massa de uma época em que o Governo Vargas ainda se estruturava. A “chacina da Praça”, ou “comício da morte”, como os jornais à época trataram os acontecimentos do dia 15, deixou mortos homens, mulheres e crianças, além de grande quantidade de feridos. Este acontecimento, ainda interpretado de forma controversa, representaria um fato exemplar para a luta antifascista no Brasil, assim como, por outro lado, fortaleceria o mito da “martirização” dos militantes integralistas mortos neste episódio. Ainda que as forças que se antagonizavam neste período: comunistas e integralistas, não tenham, definitivamente, construído suas versões para o episódio, outras variações conflitantes subtrairiam alguns atos heroicos da memória das militâncias tanto da esquerda como da direita. Nesse conflito tivemos entre os Mortos: AIcinda Pereira Pinto, Amaro Miranda, Amaro Tavares, Emerito Dias, Horácio de Souza, José Antenor de Paula Barreto, Marizete de Castro Braga, Zilda Teixeira de Castro Braga, mais cinco integralista de Chave de Santa Maria, ainda Odorico Barreto (não integralista). Entre os feridos: Achylles José Pinto, Aldo Batista de Araújo, Alfredo Freitas, Antônio Tardim Creton, Carino Daví Saiah, Firmino Paes da Silva, José Mendes, Marina Galvão de Queiroz Ribeiro de Castro, Oswaldo Valério dos Santos, Rosana Vasconcelos, Sebastião Cézar e Vandick Lourenço da Silva. A palestra foi brilhantemente proferida pela Prof.ª Dr.ª Márcia Regina da Silva Ramos Carneiro, Professora do Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal Fluminense - Departamento de História. Possui Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Graduação em História, Especialização em História do Brasil, Mestrado em História Social e Doutorado em História Social pela Universidade Federal Fluminense. Atua em pesquisa, principalmente, nos seguintes temas: História e Memória, Cultura e História, militância política, pensamento integralista, estudo das questões de gênero, História Política e da Ciência. Ao término, o Sr. Carlos Alberto Pereira Pinto, filho mais velho da Sr.ª Alcinda, falecida no episódio, diz ter esperado oitenta anos para ouvir alguém tão bem falar sobre o ocorrido, sintetizando o sentimento dos presentes. Finalizando a reunião os presentes foram convidados para o próximo encontro a se realizar dia 26 de setembro, às 18h, no MHCG, cuja palestra será proferida pelo jornalista e membro do IHGCG Herbson Freitas, sob o tema “Campos dos Goytacazes e seus tipos populares”. Os presentes já encontraram sobre suas cadeiras o Boletim de nº 3 do IHGCG lançado recentemente, durante os festejos ao SS. Salvador. Sem mais a tratar, encerro a presente ata que vai assinada por mim e por quem de direito. 


PARENTES DAS VÍTIMAS DO 15 DE AGOSTO DE 1937


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